Chegada no Hotel

Chaim observou as reações de Amélie em silêncio, mantendo seu sorriso nos lábios. Tinha noção de como as pessoas reagiam a sua presença, mas normalmente esse nervosismo só acontecia quando ele estava com uma arma em mãos. Então, provavelmente, o nervosismo era por conta da timidez? Se bem que se fosse julgar pela atitude da garota ao resolver devolver o casaco de Amber como "punição", não diria que ela era exatamente tímida... A morena tinha sido corajosa demais. Quer dizer, corajosa demais para um tímido. "Interessante.", pensou ainda analisando a garota.

O rapaz surpreendeu-se ao ouvir a última declaração da garota, alargando o sorriso. Não esperava encontrar uma irlandesa em Londres, mas ficou realmente feliz por poder falar com alguém de sua terra natal mais uma vez.

- 'Sea, is as Éire dom.* Também sou de Dublin. An bhfuil Gaeilge agat? Níl Gaeilge mhaith agam.** - Respondeu rindo mais uma vez.

Foi então que ouviu alguém berrar seu apelido, chamando a atenção de todos os presentes. Chaim gelou e prendeu a respiração, virando-se para a fonte do grito lentamente, primeiro com os olhos e depois o rosto em si. Mal teve tempo de registrar o acontecimento, a pessoa já estava em cima de si, segurando seu rosto fortemente com as duas mãos. Estava tão estupefato com a ousadia daquele rapaz que não conseguia registrar quem estava falando consigo ou o que aquele ser berrava sem parar.

Cerrou os punhos, pronto para afundar o nariz do infeliz. Já estava quase em posição de ataque quando o primeiro rapaz foi empurrado por um segundo. Ergueu uma sobrancelha, sem entender muita coisa, mas antes mesmo que pudesse perguntar o que estava acontecendo o segundo rapaz abraçou Chaim fortemente. O moreno empurrou o segundo rapaz, segurando-o pelos ombros.

- Vocês estão me envergonhando. Sério. - Foi tudo o que disse, finalmente conseguindo analisar os dois rapazes.

Olhou de um para outro, sua expressão mudando de confusa para chocada em poucos segundos. Adam? Joshua? Ok, de TODOS OS LUGARES DA FACE DA TERRA ele tinha encontrado os irmãos ali? Em Londres? Deus era um cara muito, muito sarcástico. Inspirou fundo, massageando os olhos, e olhou para os dois rapazes mais uma vez. Bom, eles não podiam ser uma alucinação, tinha sentido os dois instantes antes. Ou pelo menos era o que ele esperava.

- Adam... E Joshua? - Disse lentamente, apontando de um gêmeo para o outro. - Sério, são vocês? O que é que vocês estão fazendo em Londres?? - Franziu o cenho, custando a acreditar no que estava vendo. - Hey, wait, Ethan está com vocês? Ele trouxe vocês pra cá? - Perguntou ao lembrar-se que da última vez que tivera notícias do irmão, soubera que ele tinha se mudado para Londres. Sua cabeça girava e girava cada vez mais, parte pela surpresa dos acontecimentos repentinos e parte pela ação prolongada do álcool.

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No matter how many lies that I live, I will never regret
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- Orpheu Archipoulos. - elevou a voz também para que Joshua o ouvisse, entrando no clima de "empolgação" de um primeiro dia de aula onde todos conheciam a todos. Ser sociável tinha lá suas vantagens, e quanto mais pessoas conhecesse, melhor para o futuro, não? - Ahn... Vejamos. Te conheço há 5 minutos, e eles há 3 segundos. Você deve ser mais meu amigo do que eles. - deu um grande sorriso, voltando sua atenção novamente a Elijah. - Vai lá. - disse assim que o rapaz se prontificou a ir reservar o quarto deles. Ao menos um problema já estava resolvido e teria um companheiro de zona quarto.

Deu uma última batucada com sua palheta e por fim a guardou no bolso da jaqueta de couro preta, acabando por ouvir o resmungo de Catherine. Riu baixo, lançando um novo olhar pelo hall.

- Bom, nunca é tarde para começar a procurar. Você pode dar sorte e encontrar alguém que esteja sozinha. Eu dei. - comentou, indicando Elijah com a cabeça, que por sinal, já estava voltando. - Ah, valeu. - agradeceu o cartão de acesso ao quarto e também o guardou no bolso. Nem parou para reparar qual era o número do quarto ou do andar. Isso era o de menos. Aparentemente, dormir em um sofá daquele saguão já parecia luxo demais.

E teria se divertido com aquele pensamento se mais pessoas não tivessem chegado, tomando sua atenção.

- Orpheu Archipoulos, muito prazer. - sorriu largamente, ainda mais ao ver Haniel ficar tão vermelha por aquela iniciativa. Considerava garotas com iniciativa bem melhores do que as reservadas, de qualquer maneira. - Brasil, heh? Vim da Grécia. - pensou em dizer mais alguma coisa para a garota, talvez tentar deixá-la mais tranquila, ou provocá-la um pouco para ver se ela era capaz de ficar mais ruborizada do que aquilo, mas por mais que a última opção fosse a mais tentadora, sequer teve a chance de usá-la pois mais dois rapazes surgiram (Vittorio e Bronwen). - Orpheu. - simplesmente disse, já perdendo a conta de quantas vezes já dissera seu nome naquela noite. - Oferta aceita. Será um grande prazer. O que vocês acham? - perguntou, voltando o olhar para Elijah e Catherine.

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The flow of my feelings, the melody of my heart
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Estava bem excitada, fazendo vários planos mentalmente de rotinas e outras coisas para progredir mais e mais e ficar mais perto de alcançar seu grande sonho. Fez menção de avançar um passo na direção que daria à piscina para que pudesse ver como ela era e se daria para treinar vez ou outra, mas logo voltou à realidade ao ouvir a pergunta de Chad

- Natação!! - exclamou, muito animada. - Bom, dança também, mas... - desviou o olhar, fazendo um muxoxo, a animação indo embora tão rápido quanto chegara. Mas balançou a cabeça e afastou aquele pensamento, afinal dançar era uma obrigação imposta por seu pais, e que só teria que continuar para que não fosse seriamente castigada. - Poderei treinar aqui e me aperfeiçoar nas modalidades de nado. - ergueu o indicador enquanto explicava, dando um grande sorriso.

Sorriso que morreu rápido com o comentário infeliz de Shiki. Por que ele não sumia de vez e a deixava em paz?! Cruzou os braços, contrariada, virando o rosto para o outro lado. Como não tinha ninguém com quem dividir o quarto, talvez acabasse sozinha mesmo. Por mais que olhasse em volta, todos já pareciam ter companhia. E pareciam estar se enturmando bem também. E... E... A maioria parecia ser tão mais velha. Agora sentia-se uma pirralha no meio daquelas pessoas. Suspirou, distraindo-se totalmente enquanto Chad e Shiki conversavam com uma loira que, pelo o que reparara, parecia agir como a rainha do mundo. Era bem verdade que ela era muito bonita e parecia uma modelo, mas com um gênio daqueles nem valia a pena tentar começar um diálogo com ela.

- Eu ainda não sei, mas se eu puder, sim. - meneou a cabeça poisitivamente com a pergunta de Chad, embora aquele "invadir nosso quarto nas madrugadas" não soasse muito convidativo. Não seria estranho uma garota sozinha em um quarto com três garotos na madrugada? No final das contas, isso não faria a menor diferença, afinal não precisaria ir até lá mesmo. Não depois da nova estupidez de Shiki.

Foi a gota d'água. Estivera aturando demais até agora, porém... Ele passara dos limites da crueldade. Sentiu seu rosto arder, principalmente seus olhos. Deu meia-volta, murmurando um "com licença", e saiu correndo.

Ou ao menos tentou.

Acabou, sem querer, na pressa de correr com a cabeça abaixada e os olhos fechados, batendo de frente nas costas de alguém (Joshua Walker). A força fora tanto que Lynn acabou se desequilibrando, caindo sentada no chão.

- Aaaah... Que dor... - gemeu baixo, algumas lágrimas acabando por cair inconscientemente, até que ergueu o olhar para cima para ver em quem havia trombado. - De...Desculpa... - disse, acuada, limpando as lágrimas rapidamente.

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Chaim ouviu as explicaçõs dos gêmeos em silêncio, massageando as têmporas. Era coincidência demais todos terem ganhado bolsa para estudarem no mesmo lugar.

- Eu não vi ninguém no ônibus, estava mais preocupado com a minha ressaca. - Comentou encarando Adam. - Você tem sorte de eu não estar prestando atenção, eu não ia pegar leve se você desse uma de engraçadinho. - Fez uma pausa, desviando o olhar. - De qualquer forma, é Ethan deveria estar comigo, mas você o está vendo por acaso? Então, já deveria ter percebido que não estamos juntos. - Suspirou, coçando a nuca. - É uma longa história, não me traz boas lembranças e não estou a fim de falar sobre isso agora. Mas não se preocupe, ele deve estar bem. - Finalizou sorrindo e acariciando os cabelos de Jou. - Ele é mais forte do que vocês pensam. E de qualquer forma ele se deu bem com a "nova família". - Encolheu os ombros, demonstrando que não estava tão preocupado com Ethan assim.

Martini Limão escreveu:

- Ah... Desculpe, espantei sua nova garota... Não vai apresentá-la a gente?

Lord Crow escreveu:

“Aquela ali...?”, perguntou, olhando-a. “Ah... me desculpe se atrapalhamos algo, Chay. Fiquei cego depois que te vi.”

- Minha garota? Amélie não é minha, só estávamos conversando. Ela é irlandesa também, acho que o sangue deve ter atraído. - Comentou sem esboçar segundas intenções. - De qualquer forma, enquanto Jou vai buscar as chaves, eu vou pedir desculpa por vocês terem cortado a pobrezinha. - Disse em tom brincalhão, estirando a língua e afastando-se.

O rapaz foi até Amélie e sentou-se ao lado da garota, largando-se ali completamente.

- Hey Amélie, desculpe pelo corte. - Começou coçando a nuca e sorrindo sem jeito. - Desde que eu cheguei aqui só tem acontecido coisas estranhas. Pra completar o pacote, eu reencontrei meus irmãos depois de dez anos separados. - Suspirou, afundando-se ainda mais no sofá, se é que era possível. - Cara, esse sofá é confortável demais. Ou isso ou eu estou muito cansado, não vou conseguir levantar pra ir pro quarto. - Riu baixinho, desviando a conversa completamente. - Ai, eu preciso realmente dormir. - E soltou um suspiro, fechando os olhos. Estava realmente cansado.

Em nada lhe agradava a mudança repentina para a capital britânica, talvez se fosse somente mais uma viagem à passeio seu humor estivesse melhor, mas não, ela sabia que aquela estadia era de tempo indefinido, obviamente levando ao seu humor do não-agradável para o incrivelmente desgostosa - um perigo para qualquer um que desconhecesse seu gênio -. Não voltaria a residir na Rússia tão cedo, maldita fosse sua saúde frágil! Respirava com dificuldade, já que havia chegado à pouco no país, seu corpo ainda tentava se adaptar as diferentes altitudes e também ao clima diferente, mas com os estorvos costumeiros que devia enfrentar toda a vez que saía de sua terra natal. Mas claro, o maior obstáculo estava bem longe de ser superado, afinal de contas, Veronika não tinha a mínima vontade de se adaptar ao novo colégio, tampouco fazer novos amigos, já bastavam-lhe os falsos laços que tinha na Rússia, não precisava de mais destes na Inglaterra, principalmente com alunos suburbanos bolsistas. Mas, havia prometido aos seus pais que se comportaria e promessa é dívida, principalmente quando é feita com sangue do seu sangue.

Suspirou fundo, quando o carro finalmente parou e o motorista indicou-lhe que aquele era o tal hotel Michelline Barbieri. Pagou o motorista, saindo do carro com a elegância clássica que portava, andando graciosamente até o hotel. Os olhos azuis, muita vezes cintilantes, se encontravam apáticos conforme ela observava o local em que se encontrava. Claro, não podia reclamar do hotel em si, mas aquela ralé presente no saguão não lhe agradava. Seriam aqueles os seus “colegas” de sala durante aquele ano letivo? Uma expressão de desaprovação surgiu em seu rosto, enquanto ela caminhava até a recepção.

Naturalmente, Veronika era sempre subestimada por sua baixa estatura, pela combinação olhos azuis + cabelos loiros e pelo rostinho de bebê, mas seu olhar frívolo e o nariz empinado deixavam todas as impressões precipitadas afastadas. Os sapatos de salto-alto - na verdade, o modo como conseguia andar confiante com saltos muitas vezes grandes de mais para uma menina tão jovem -, lhe davam a aparência confiante que compartilhava sua personalidade. As pessoas sentiam-se intrigadas quando a viam pela primeira vez, afinal de contas, sua postura e sua fisionomia podiam ser tão contraditórias quanto o possível e virtualmente eram. Veronika tinha o rosto de um anjo, mas jamais deveria ser confiada tal aparência angélica e aqueles que não sabiam disso, logo descobririam.

Virou-se para a atendente da recepção, tentando não soar tão impaciente quanto realmente estava:

- Por favor, um quarto na cobertura. – O sotaque russo saía forte em seu inglês e seus olhos fitavam a recepcionista de um modo não tão agradável, apesar do sorriso que se desenhava em seus lábios rosados. Um tanto quanto intimidador? Certamente. A mulher olhou com receio para o computador, a expressão em nada agradava a loira que tamborilava graciosamente (e também meio impaciente) o balcão da recepção com suas unhas perfeitamente manicuradas. – Há algo de errado? – Ela arqueou a sobrancelha direita, esperando que a resposta fosse negativa pelo bem da recepcionista. Seu sorriso logo sumiu de seu rosto e ela franzia o cenho, ainda estranhando o que a mulher estava lhe dizendo. – Alguém reservou todos os apartamentos do último andar? – O sotaque russo agora estava ainda mais marcado e a sua voz parecia incrédula, mas ao mesmo tempo, irritada. – Que tipo de pessoa faria algo assim? – Era uma pergunta hipócrita, de fato, afinal de contas, ela mesma teria feito algo assim. A atendente, por outro lado, recomendou que ela ficasse num quarto com os outros estudantes que iriam se hospedar, mas Veronika, mimada como era, não iria aceitar facilmente, muito menos se tivesse que se misturar com aquela ralé. – Você realmente espera que eu me junte à... eles? – Uma combinação de seu sotaque russo com desdém a tornava ainda mais insuportável, claro e ela não dava a mínima para o que aparentava, seu único foco era o quarto. A moça parecia assustada, meio receosa, então não lhe respondeu. – Arranje-me a cobertura ou você vai se arrepender, eu falo sério. – Aquilo era uma ameaça, de fato e uma ameaça muito bem fundada. Sendo da família Real, tinha contatos em Londres e, num piscar de olhos, aquela atendente poderia ser demitida. E sim, talvez Veronika tivesse mesmo tendências megalomaníacas, ou melhor, ela era a representação da megalomania carnal (e de muitos outros defeitos também, só para constar).

Os olhos azuis fitavam elétricos a jovem loira que aparecia em sua frente. Presumiu que aquela fosse a tal pessoa que reservou todos os quartos do último andar, forçando Veronika a passar sua estadia em quartos comuns com pessoas igulamente comuns e desinteressantes. Analisou-a atentamente, não fugia muito do perfil que havia traçado: Patricinha de Beverly Hills, talvez um pouco mais nova do que previa e com roupas que até chegavam a lhe agradar, superava (e muito) as outras pessoas que invadiam o hotel Michelline Barbieri. Não fosse o fato de ter reservado o quarto que lhe interessava, Veronika poderia até sentir uma certa empatia pela loira a sua frente.

Encarando a cena de longe, ela se tornaria cômica. Ambas as jovem eram loiras e estavam bem vestidas, mas a grande diferença entre a altura das duas era o 'quê' engraçado. De todo o modo, a russa não se sentia intimidada (de modo algum se intimidaria tão facilmente) e continuou encarando a menina a sua frente, alguns segundos após ela ter terminado sua fala. Seus olhos não denunciavam o que passava por sua mente, talvez o sorriso no canto dos lábios sim. Aquilo poderia ser mais fácil do que ela imaginara, desde que tivesse a lábia necessária para manipular a situação ao seu favor e que Amber Campbell fosse tão esperta quanto Veronika supunha (deste modo, entenderia que era melhor que ambas tivessem uma relação empática do que o contrário).

- Senhorita Campbell, certo? É um prazer, sou Veronika Romanov. - Se a menina tivesse tão bons contatos quanto julgava, entenderia que uma Romanov não deveria ser subestimada e nem ignorada. Veronika também não via necessidade de apresentar seu título de realeza, seria burrice tendo em vista o perfil que havia traçado de Amber com base em seu sobrenome, isso provavelmente a irritaria e a russa não queria irritá-la. - Fui informada de que a senhorita reservou todos os quartos do último andar e eu gostaria muito de ficar com um deles. - O tom amigável em sua voz se mantinha e ela não deu espaço de tempo para que a menina respondesse, prosseguindo: - Veja bem, em nada me apeteceria ficar num andar junto aos outros estudantes triviais, se é que a senhorita me entende... - E sim, com triviais ela queria dizer a ralé, os bolsistas, os pobrinhos. - Logo, eu ficaria muito grata se pudesse dispor de um dos quartos reservados. -

Veronika, naquele momento, jogava com suposições e a crucial para que seu plano desse certo era: Amber era inteligente o suficiente para perceber o quanto ambas podiam se beneficiar daquela relação. Caso ela não estivesse certa, bem, digamos que faria o possível para que a loirinha se arrependesse por toda a sua vida.

Encarou Amber profundamente, procurava criar algum laço de confiança, de segurança, precisava que suas suposições estivessem corretas!

- Então, o que a senhorita me diz? - As sobrancelhas arquearam-se, enquanto a russa tinha uma expressão interesseira, que, aliada ao sotaque russo, fazia tudo aquilo parecer realmente uma transação de negócios. Só faltavam um aperto de mão para que o acordo fosse fechado (e isso dependia, obviamente, de Amber).

Chaim nem deu ouvido para as reclamações do seu gêmeo, afinal já esperava tal reação; Adam sempre fora desnecessariamente preocupado. Tinha certeza de que Ethan estava bem, onde quer que ele estivesse. Aliás, dos quatro irmãos ele era quem estava em melhor situação. Bom, pelo menos financeiramente. De qualquer forma, prestar atenção aos resmungos do irmão mais velho não ia mudar o fato de que eles estavam separados.

Já estava sentado, conversando com Amélie quando Adam resolveu disparar aquela frase constrangedora. Realmente, Amélie não era sua, mas depois desse fora do irmão, o moreno perdera quaisquer chances de mudar esse fato. Chaim abriu os olhos e virou-se para Adam, encarando-o de forma ameaçadora, como se o fuzilasse com o olhar. Adam tinha perdido o senso de perigo. Não, espera, Adam não estivera com ele esse tempo todo, não tinha como ele ter noção do perigo. É, devia ser esse o motivo do seu tom abusado. Mesmo assim não conseguia não ficar bravo com o irmão.

O irlandês desfez sua carranca e virou-se para a garota, sorrindo.

- Eu tinha me esquecido de como o Adam era tão mala e apegado. Chiclete. - Comentou com ninguém em especial, revirando os olhos e levantando-se. - Bom, vou indo senhorita. Quanto mais eu ficar aqui, mais meu irmão folgado vai me torrar a paciência, e mamãe não ia gostar se eu o matasse. - Comentou com um sorriso enviesado. - Cuidado com a sua radioatividade, não vá matar ninguém, hein? Slán agat.* Oíche mhaith duit.** - Comentou rindo, afastando-se de Amélie.

Caminhou na direção dos irmãos, voltando a encarar o seu gêmeo idêntico. Queria falar muita coisa, mas preferiu ficar em silêncio. Ainda estava de ressaca, não era um bom momento pra ter uma discussão. Desviou o olhar para o outro irmão, desanuviando o semblante.

- Josh, você já pegou as chaves do quarto? Eu tô cansado e não estou afim de ficar ouvindo a encheção de saco do seu irmão. - Disse evitando olhar para Adam. Era melhor guardar a paciência pra mais tarde, porque o pior ainda estava por vir...