[Fichas] Entrada para Brigtsburg

No ano de 2550 a.C., nas terras onde o esplendor do Império Egípcio crescia, um acontecimento inédito e misterioso virou motivo de fofoca e assombro por vários dias. Todas as galinhas de um dos galinheiros mais produtivos do Egito haviam sido mortas por algum tipo de animal. Não demorou muito para se constatar de que o culpado havia sido alguma espécie de cobra, pois além do aspecto dos restos deixados, as poucas galinhas que não foram devoradas tiveram seus ossos esmagados. E, de fato, encontraram um ovo de cobra recém-quebrado em um dos ninhos. O que mais espantou aos senhores daquele galinheiro foi que, ao invés de encontrarem qualquer réptil ali, encontraram um lindo bebê, ensaguentado, mas dormindo tranquilamente.

Levaram aquele misterioso bebê para os sacerdotes do faraó, contando-lhes o ocorrido no galinheiro. Os sacerdotes, a princípio, ficaram alarmados, e após algum tempo de contemplação, julgaram aquela criança como a reencarnação de Uadjit, a deusa padroeira do Baixo Egito. Afinal, se aquele criança poderia mesmo se transformar em uma cobra, certamente tinha ligação com Uadjit, cuja representação nada mais era do que uma mulher com cabeça de serpente. Sendo assim, considerada uma deusa, foi acolhida na morada do faraó, e ainda deram-lhe o nome de Amaya como símbolo de sua “humanidade”.

Amaya cresceu, tornando-se uma bela mulher, cujo corpo era perfeito em todos os aspectos. Curvas perfeitas, cabelos sedosos, lábios atraentes... Nenhuma mulher em todo o Egito era capaz de superá-la. Como vivia no quarto mais isolado e mais alto do palácio, o contato que tinha com o mundo exterior era praticamente nulo. Por detestar o calor – como todo bom réptil – as janelas de seu quarto eram cobertas todos os dias, impedindo a passagem do sol, e só retiradas à noite. Devido a isso, a pele de Amaya era extremamente pálida, contudo, esse detalhe em nada diminuía sua beleza. Ela adorava tomar banho de lua, o que parecia dar um brilho especial à sua pele.

Todas as noites, homens eram enviados a seu quarto, onde ela os seduzia para se divertir e, depois que se cansava, devorava-os. Os homens mais divertidos e bonitos ela mantinha vivos por mais tempo, assim poderia estar sendo brincando com eles, mas nunca deixava de comê-los após alguns dias. Literalmente. O único que tinha privilégio de deitar-se com ela e não ser morto depois era o faraó, a quem ela devia obediência absoluta. Contudo, um dia sua vida mudou de forma brusca; o Egito foi invadido, e tropas estrangeiras tomaram todo o território. É claro que ela não ia permitir que a aprisionassem também e, graças a seus poderes, pôde fugir.

Os anos foram se passando, e Amaya ia percorrendo o mundo. Com sua beleza e poder de sedução, sempre viveu cercada de luxo e pessoas para lhe servir. Morava em palácios e castelos, usufruía dos quartos mais confortáveis, que normalmente ficavam isolados em torres altas ou em áreas reservadas, e fazia questão de que neles houvesse uma boa visão do céu para que pudesse ficar sob a luz do luar.

O século XXI chegara, e mais uma vez procurando um lugar para se acomodar, acabou chegando a Brigtsburg.